quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Entrevista - Alexi Laiho fala sobre o novo álbum

A esta altura os fãs de CHILDREN OF BODOM ou qualquer pessoa que deu a mínima para os três primeiros álbums da banda (Something Wild, Hatebreeder, Follow The Reaper) antes de eles enveredarem para a sonoridade de Are You Dead Yet? e Blooddrunk, estão cientes que Halo Of Blood, o novo álbum dos finlandeses, tira o chapéu para aqueles bons e velhos tempos. Porém, se você ouvir melhor vai perceber que não é simplesmente o álbum de volta às raízes que tantos seguidores têm esperado e tagarelado a respeito...
 "Cada porra de pessoa com quem eu falei sobre o álbum disse que nós definitivamente fomos de volta às raízes e que Halo Of Blood os lembrava de nossos três primeiros álbums" diz o vocalista/guitarrista Alexi Laiho. "Então você não precisa fazer isso; eu já sei (risos)."

Mas não há escapatória ao fato de que CHILDREN OF BODOM deu um passo para trás. Uma ouvida por Hatebreeder ou Follow The Reaper lado a lado com Halo Of Blood oferece muito epaço para comparações, mesmo que algumas das músicas antigas soem surpreendentemente "magrinhas" se comparadas com as novas. Sem ofensa ao legado do COB, é claro, mas valores de produção não mentem.
"Não me ofendi, é claro. Definitivamente há alguma verdade nisso. Pode haver alguns elementos do Bodom old school em Halo Of Blood, mas é um obviamente um som atualizado. Como você disse, há muito mais nele do que em Hatebreeder ou nos outros álbuns. 'All Twisted' é uma música que até eu sinto uma vibe Follow The Reaper, mas é um som atualizado. Nada daquelas merdas foi intencional ou pensada com antecedência. Só veio natural e espontaneamente, como sempre." 
"Em certos momentos eu acho que o último álbum foi mais fácil que o anterior," Laiho continua, "mas compor um álbum nunca é fácil, isso é certo. Em algum momento eu sempre dou de cara com uma parede tentando juntar as partes, mas agora quando penso sobre o processo de composição e gravação de Halo Of Blood, desta vez parece que foi um pouco mais suave."

Em uma entrevista anterior, o tecladista Janne Wirman e o baterista Jaska Raatikainen confirmaram que Laiho continua sendo a alma criativa da banda, como sempre, mas quando o assunto é organizar as novas músicas este álbum foi mais um esforço coletivo. Talvez uma das principais razões que que Halo Of Blood saiu do jeito que saiu.
"Talvez, eu não sei", diz Laiho. "Pra mim foi bem como sempre foi. Eu componho tudo, levo as músicas para o espaço de ensaio e nós fazemos jams com elas e juntamos as partes. Eu diria que dessa vez todos falaram ao invés de só dois caras. Talvez essa seja a diferença."

Não há dúvidas que Laiho e seus colegas de banda se superaram com Halo Of Blood, mais pelos novos sabores adicionados ao arsenal Bodom do que pelas fixações familiares. Pegue, por exemplo, os blastbeats de base da faixa título.
"Eu disse ao Jaska que ele teria que fazer blastbeats, então pontos para ele porque ele me disse 'Cara, eu não faço isso há anos.' Mas eu disse a ele 'vamos lá, você é um profissional, você consegue...' e ele conseguiu. Jaska praticou pra caralho e conseguiu fazer tudo em uma semana."

Entre 'Halo Of Blood' e a balada ‘Dead Man’s Hand On You’ - músicas que são muito diferentes entre si e todo o resto do álbum - é de se perguntar de onde a inspiração para as duas veio.
"Essa é uma boa pergunta. Eu não tenho ideia. A música ‘Dead Man’s Hand On You’, eu nem sei como aquilo surgiu. Eu acho que eu vim com o riff principal e decidi que devíamos tentar com guitarras limpas, o que é algo que eu não fazia desde o primeiro álbum. Janne teve a ideia de tocar o piano e acabou se formando um tipo de música suave e super dark. Foi algo totalmente novo para nós então definitivamente foi um desafio, e porra, eu vivo por desafios. Foi incrível fazer isso acontecer e tornar isso acreditável."

É engraçado como as pessoas ficam elogiando Halo Of Blood por ter uma vibe de volta às raízes, mas ainda assim é sempre 'Halo Of Blood' e ‘Dead Man’s Hand On You’ que aparecem nas entrevistas.
"Eu sei (risos). ‘Dead Man’s Hand On You’ é definitivamente uma das minhas faixas favoritas do álbum; a faixa título e essa. Como você disse, todo mundo fala que Halo Of Blood soa como os três primeiros álbuns mas sempre mencionam essas duas músicas.

E um lançamento do Children Of Bodom não seria completo sem alguns covers esperando na manga como bonus tracks ou b-sides. Halo Of Blood tem dois, 'Sleeping In My Car' do Roxette e 'Cruel Summer' do Bananarama, completando com um solo do guitarrista do ANNIHILATOR, Jeff Waters, como convidado. Antiquado para o COB depois de 15 anos no mercado, e e ainda assim nunca fica entediante fazer novos covers.
"Porra, não, e eu acho que isso nunca vai acontecer porque o fato que importa é que nós nos divertimos tanto fazendo os covers," diz Laiho, sem rodeios. "Às vezes tentamos escolher as músicas mais retardadas que conseguimos encontrar, como disco ou algo do tipo, e de novo é um desafio fazer algo assim. Pegar uma música disco e torná-la metal, mas nós queremos fazer soar profissional. É pra ser deivertido, mas não uma piada total."

Halo Of Blood também quebra a tradição de ter capas que são um lixo (ou ao menos questionáveis), que havia nos três últimos álbuns (Are You Dead Yet?, Blooddrunk, Relentless Reckless Forever). Assim como seus colegas de banda, Laiho está completamente satisfeito com o produto final.
"É foda pra caralho (risos). Eu estou realmente feliz com a arte da capa, e eu tenho que dizer isso porque é o novo álbum, mas eu falo sério. Se encaixa perfeitamente com o álbum, e mesmo se você não ouviu o álbum ou não sabe nada sobre CHILDREN OF BODOM, ela definitivamente se destaca e chama sua atenção"

Em um momento de divulgação, a banda estava se preparando para começar a turnê Halo Of Blood pela Europa. O novo álbum, que deu efetivamente um novo lugar na vida ao CHILDREN OF BODOM, é forte o suficiente para garantir ao menos cinco novas músicas no setlist, mas de acordo com Laiho isso não vai acontecer. Ainda não...
"Nós sempre vamos ter que tocar as músicas antigas. Nós não vamos ser uma dessas bandas que cometem o erro de tocar apenas o novo álbum a turnê inteira. Não é isso que os fãs querem ouvir, o que é triste mas é verdade. Eles querem ouvir as coisas antigas. Nós tentamos tocar alguma coisa de cada álbum, e com as músicas novas nós tocamos umas duas para ver como o público reage a elas ao vivo. Depois de uma turnê é seguro dizer quais músicas podemos tirar do set."


Entrevista feita por Carl Begai para o site carlbegai.com